O governo vai preparar grande campanha de incentivo a famílias
a adotarem crianças e adolescentes
Quinta-feira 07 de Junho de 2012
Pai de duas filhas
adotivas, de 7 anos e 9 anos, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da
República, Gilberto Carvalho, defendeu hoje (7) mais agilidade nos processos de
adoção de crianças no Brasil. “Temos que buscar simplificar os procedimentos e
dotar as varas da Infância e todo o processo [para adoção] de gente com
qualificação suficiente. Fiquei três anos na fila da adoção, há gente que fica
cinco anos, seis anos e há tantas crianças que precisam ser adotadas”, disse o
ministro.
De acordo com Gilberto Carvalho, que participou da abertura
do 17° Encontro Nacional de Apoio à Adoção, representando a presidenta Dilma
Rousseff, o governo tem adotado medidas para facilitar os trâmites e está
preparando uma campanha nacional para estimular a adoção de crianças e
adolescentes. “A presidenta Dilma se comprometeu a fazer uma grande campanha
nacional de adoção, o grande trabalho de conscientização da maravilha que é a
adoção, de criar uma cultura da refamiliarização das crianças."
A melhoria dos abrigos e a redução do tempo de espera na
fila de adoção para pais e crianças também fazem parte da política do governo.
Em carta lida por Carvalho, a presidenta disse que as crianças que vivem fora
do convívio familiar estão entre os grupos mais vulneráveis e que tem
trabalhado para melhorar essas condições. “Desde o primeiro dia do meu mandato,
temos fortalecido as ações e políticas de atenção e proteção às nossas crianças
e aos nossos jovens, principalmente os mais pobres."
Na carta, Dilma louva o slogan "Unir para
Cuidar" e parabeniza os organizadores do encontro. “Debater e criar
ações de estímulo à adoção nos permitirá dar novos passos na garantia dos
direitos de milhares de crianças e adolescentes brasileiros que vivem nas
instituições de acolhimento em todo o país."
Segundo o ministro, o principal entrave a ser vencido é o
tempo de espera e a solução para resolver esse problema é um parceria entre os
Três Poderes. “O Executivo e o Judiciário, sempre com o apoio do
Legislativo, podem ajudar a resolver essa questão e acelerar esse processo. O
que é feito hoje em três anos, quatro anos, pode perfeitamente ser realizado em
um ano, sem que se rompam os procedimentos necessários, porque a adoção é
cercada de cuidados."
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro
Carlos Ayres Britto, que também participou do evento, prometeu se empenhar para
reduzir o tempo e a burocracia nos processos de adoção. “Em nome do Judiciário
brasileiro, compreendendo de modo especial o STF e o Conselho Nacional de Justiça,
essas duas instituições que são casas de fazer destino, me coloco à disposição
para colaborar e contribuir para facilitar os processos judiciais de adoção. A
adoção é um direito que tem a criança de permanecer a um grupo familiar”,
disse.
O professor Leonardo Boff partilha da opinião de Carvalho e
de Britto e defende mecanismos mais ágeis para facilitar às crianças o acesso a
uma família. “Às vezes demoram quatro anos ou cinco anos para que se crie a
condição de adoção, as crianças já estão grandes e as pessoas desistem. A
esperança é que a Justiça se mobilize para tornar o mais rápido possível a
realização de um direito, que é ter uma família."
Em palestra para mais de 600 pessoas que assistiram a
abertura do evento, Leonardo Boff disse que a adoção não é um mero ato
jurídico, tem que “nascer do amor, do profundo sentimento do cuidado”. Teólogo,
Boff citou que o primeiro exemplo de adoção foi o de São José, que adotou “o
filho de Deus”.
Apesar da demora do atual sistema de adoção, o ministro e
pai adotivo Gilberto Carvalho, diz que a espera vale a pena. “ Nossa vida
mudou, é uma nova energia que chega a sua casa, te rejuvenesce, te dá essa
alegria de ser chamado de pai de novo. Tenho três filhos naturais, é uma coisa
maravilhosa”.
O encontro aberto hoje para discutir a adoção vai até sábado
(9) e será encerrado pela ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do
Rosário.
Publicado por Reginaldo
Torres às 19:15h