Rede Andi apresenta pesquisa em seminário da Secretaria de Criança e
Juventude
06 de Julho de 2012
Mídia e Conselhos: olhar sobre os
adolescentes em conflito com a Lei. Esse foi o tema do Seminário realizado pela
Secretaria da Criança e da Juventude (SCJ) e Conselho Estadual de Defesa dos
Direitos da Criança e do Adolescente- CEDCA/PE, na manhã de hoje (05), no
auditório do Centro de Formação do Servidor Público. No encontro, foi
apresentado pelo secretário executivo da Rede Andi, Veet Vivarta, os resultados
finais de sua pesquisa que analisou como os fatos relacionados com o assunto
são retratados pela mídia impressa.
O secretário da Criança
e da Juventude em exercício e presidente do CEDCA/PE, Fernando Silva, abriu o
encontro e destacou conteúdo dos dados da pesquisa realizada pela Andi.
“Queremos trazer uma abordagem qualificada, buscar um melhor entendimento dos
fatos. Acredito que chegaremos a um caminho comum e que a imprensa busque
ampliar as suas fontes com dados mais consistentes sobre os adolescentes em
conflito com a Lei”, falou.
Durante cinco anos uma
pesquisa realizada pela Rede Andi Brasil foram analisados 2.236 textos oriundos
de 54 jornais do Brasil para recolher dados que permitissem compreender qual o
olhar lançado pelos meios de comunicação sobre os jovens em conflito com a lei,
entre eles o Diario de Pernambuco e o Jornal do Commercio.
“Vejo a mídia violar
cotidianamente os direitos das crianças e dos adolescentes. É preciso haver uma
cobertura jornalística com uma ótica social. Às vezes a segurança pública não é
o principal problema em questão”, disse Vivarta.
Depois da apresentação,
aconteceu um debate mediado pela presidente da Comissão de Ética do Sindicato
dos Jornalistas de Pernambuco (Sinjope), Andrea Trigueiro e com os jornalistas
Wagner Oliveira, Ricardo Novelino e Júlia Veras, representantes dos Jornais
Diario de Pernambuco, Jornal do Commercio e Folha de Pernambuco –
respectivamente.
Para a representante do
Sinjope essa pesquisa trata-se de uma contribuição enorme da Rede Andi. “Uma
notícia potencializa o fato para o bem ou para o mal”, disse André Trigueiro.
Para o editor do Jornal do Commercio, Ricardo Novelino, “cabe ao repórter,
editor e direção do jornal a conscientização para não violar os direitos das
crianças e adolescentes”.
A repórter Júlia Veras
da Folha de Pernambuco abordou o cuidado que os jornais precisam ter para não
cometerem algum tipo de erro só pelo fato da concorrência sair na frente.
“Precisamos agir diferente, nosso papel é mostrar um bom serviço para população
independentemente do que os concorrentes irão trazer”, disse.
Já o repórter do Diario
de Pernambuco Wagner Oliveira falou que às vezes a matéria factual atrapalha um
pouco a análise mais aprofundada do fato. “Os repórteres tem pouco tempo para
fechar a matéria, é o chamado deadline. Mas quando temos mais tempo, podemos
aprofundar o conteúdo da reportagem”, relatou.
Sobre a
Pesquisa
Período - 2006/2010
Foram 2.236 textos
analisados de 54 jornais do Brasil
Alguns resultados:
Em 67,1% as matérias são
excessivamente centradas nas infrações (e em casos individuais (47,3%).
Apenas 2,2% dos textos
abordam o assunto com um olhar mais contextualizado.
A maioria das
reportagens (51.1%) se limita a relatar o ato, ignorando fatores como miséria,
exclusão e vulnerabilidade ao qual estão expostos a maioria dos jovens em
conflito com a lei.
Espaços nobres como
editoriais, artigos, entrevistas e notas assinadas tratando do tema são raros
(5,5%).
Na maioria (58,8%) a PM
é a única fonte demonstrando um enfoque unicamente policialesco.
O assunto é mal
dimensionado. Apesar de 62,5% das infrações serem contra o patrimônio, 79,5%
das reportagens tratam de atos violentos cometidos pelos jovens.
Os textos (34,3%)
costumam usar termos pejorativos e ultrajantes e desrespeitar o Estatuto da
Criança e do Adolescente, usando imagens dos infratores (26%). Em 34,1% dessas
fotos é possível identificá-los.
Publicado por Reginaldo Torres às 17:46h